A peça faz-se leitura de um caderno, faz-se dança, faz-se ação, num espaço onde o público é público, é testemunha, é personagem, participante das várias vozes num só corpo, de uma viagem.

Num mundo onde cada vez mais se suprime diferentes vozes, a multiplicidade, a diversidade, esta é uma peça política e poética. Esta é a minha forma de resistir, de reexistir.


CONTEXTUALIZAÇÃO

Em 2003, Filipa Francisco recebeu uma bolsa do Gabinete Relações Internacionais, do Ministério da Cultura, para estudar dramaturgia e site specific, com André Lepecki, na cidade de Nova Iorque. Neste contexto conheceu a artista Eleonora Fabião, então se doutorando na New York University. Em Junho de 2004, André Lepecki convidou um grupo de artistas – Eleonora Fabião, Filipa Francisco, Meg Stuart, William Pope L., Sophiatou Kossoko – para realizarem um Artist Lab na Haus der Kulturen Der Welt em Berlim. O tema do laboratório: “Discarded Practices”.

Neste evento, colaboraram na criação de várias performances dentro e fora do espaço do teatro. Foi nesse contexto que as duas artistas tiveram a oportunidade de conhecer e discutir seus interesses, métodos de trabalho e processos criativos. Em 2006, Filipa Francisco e Idoia Zabaleta convidaram Eleonora a escrever para o livro “Bicho”, que recolhe a relação epistolar do processo criativo da peça “Dueto”. A confluência de pontos de vista despertou o desejo de trabalharem em conjunto. Em 2017, convidou a artista Eleonora Fabião para uma colaboração. Em 2018 fizeram uma residência artística, no Rio de Janeiro e nasceu o solo “partilhas”.